Não tem para ninguém! Por Gisela Gueiros

Não tem para ninguém! Por Gisela Gueiros

29 de ago. de 2025


1) Prometo que essa vai ser a última edição dessa série de roteiros de férias — não vejo a hora de voltar para casa!

Dito isso, frequento o Rio desde que nasci porque meus avós e tios mora(vam) lá. E, dessa vez, me senti turistona total — estava apresentando a cidade a um dos meus filhos enquanto o outro jogava futebol com seu time contra Botafogo, Fluminense e Vasco sub 15! Orgulho do gol que ele marcou contra o Vasco.

Azulejos pintados por Burle Marx e lustre “orgânico” como era decorado por ele

O meu choque maior foi finalmente conhecer o Sítio Burle Marx. Detesto dizer que alguma coisa é “obrigatória” ou “imperdível”, mas se você já foi ao Rio mais de uma vez, vale organizar esse passeio (tem de reservar). É das coisas mais lindas que já vi!

Escultura de Miguel dos Santos no jardim de Burle Marx

O sítio tem 40,7 hectares, fica em Barra de Guaratiba (cerca de uma hora do Rio), e inclui não só a coleção botânica do paisagista, mas também um acervo de mais de 3 mil itens. Além de pinturas e tapeçarias criadas por ele, também ficam à mostra no sítio sua biblioteca, mobiliário, objetos pessoais e suas coleções de arte, conchas, cerâmica, cristais e arte popular.

Saindo de lá fomos comer no Bira da Guaratiba (tem de reservar) — comida deliciosa diante dessa vista:

2) Por falar em comida, sou péssima pra experimentar coisa nova quando já tenho meus queridinhos. No Rio, se deixar, tomo café da manhã todos os dias no Talho Capixaba, almoço no Celeiro e janto no Guimas. De sobremesa, sorvetinho de stracciatella na Momo. Meu paraíso gastronômico não precisa de mais nada.

É carinho o buffet de salada do Celeiro, mas, gente, como é bom!

3) Essa viagem foi uma delícia em grande parte por conta do Lucio — um guia oficial e motorista que me acompanhou quase o tempo todo na cidade. Super ponta firme, gentil e bem-informado, ele sempre sabe o melhor dia de ir aos

lugares, o melhor lugar para parar o carro, que lugares precisam de reserva, etc e tal. A caminho do Cristo Redentor passamos pelo Mirante Dona Marta e foi chocante. Anotem aí o contato dele: 21 987244520.

Nosso superguia Lucio, mais o amigo do meu filho e meu filho. Recomendo vivamente!

4) Um dos lugares onde queria levar meu filho era o Instituto Tom Jobim e já aproveitar para explorar o Jardim Botânico e o Orquidário. Por sorte, nesse dia fomos acompanhados pela artista e amiga Beth Jobim que nos levou até para conhecer o acervo do Tom — todas as partituras, todos os LPs, todos os prêmios. Fiquei emocionada com a exposição que estava em cartaz homenageando não só o Tom, mas também o Paulo Jobim. Via Zoom durante a pandemia, Paulo analisou cada um dos discos solo de seu pai em conversas com o curador da mostra Aluisio Didier.

Todas as partituras originais do Tom Jobim. Patrimônio histórico!

Fizemos uma parada estratégica para ver a Sapopemba, árvore favorita de Tom no jardim.

Passamos também pelo orquidário onde encontramos uma venda especial de orquídeas exóticas. Que bom que não pode viajar com planta — correria risco de falência!

Quase morri com tantas variedades! Que bom que não podia comprar haha

5) Não quis sobrecarregar o moleque, mas também levei meu filho ao CCBB, ao MAM, e à Casa Roberto Marinho. No CCBB estava em cartaz uma exposição da Renata Tassinari e no MAM, a coleção (fantástica) de Gilberto Chateaubriand.

Confesso que além das expos, curti muito a lojinha do museu, Mão Brasileira. Quase uma galeria de arte popular, ela merece tempo e atenção. Um amigo também indicou a Casa Tucum, ali pertinho, onde indígenas vendem suas produções diretamente nessa espécie de cooperativa. Vale fuçar online se estiver sem planos de ir ao Rio.

A exposição na Casa Roberto Marinho era uma retrospectiva bem completa da obra de Elizabeth Jobim — com trabalhos desde os anos 80 até hoje. Impecável! Adorei o trecho do texto do curador Paulo Venancio Filho que faz um paralelo com a geografia da cidade:

“Embora abstratas e desabitadas da presença humana, penso que não há como deixar de ver nessas telas a presença da experiência sensorial da cidade que as originou. Há no fundo dessas pinturas momentos de intensa combinação da abstração e da paisagem do Rio de Janeiro — a fluidez da atmosfera em contraste com espinhaços rochosos —, coordenadas por uma sensibilidade que vivencia e renova a pulsão construtiva brasileira.”

A vitrine com desenhos e pedras foi um dos meus momentos favoritos na mostra

7) Apesar de ser turista gringa, bom mesmo é a gente se sentir um pouco mais local numa cidade, né? Por isso, antes de ir, contactei minha amiga Ana Rocha para perguntar o que que ela, carioca, faz quando visita sua cidade natal. E ela deu a melhor sugestão: acorda cedo (ela sabia que eu estaria hospedada no Leblon) e vai andando com traje de banho pelo calção até o Arpoador. Lá, você para tomar uma água de coco ou almoçar. A parte importante da dica era: almoce de biquíni. Hahaha. Estava meio frio para seguir o conselho à risca. Mas amei tanto o programa que repeti vários dias.

8) Minha prima Juliana Gueiros, que é chef e dona de um Insta gastronômico supercool, recebeu a família-quase-toda na casa dela para um jantarzinho. Ela é meu tipo favorito de cozinheira — faz comidas simples e saborosas. Se você ficou com água na boca só de ler, clica aqui porque além de ter uma escola e uma newsletter, ela tem também um livro publicado e outro no forno, quase literalmente hahaha.

9) Por último, mas não menos importante, quando venho ao Brasil sempre quero ver o que a Isabela Capeto fez de bom. Ela e a Ju Gastin — que faz os acessórios brasileiríssimos que eu amo e uso todos os dias.

Blusa Capeto, colar Gastin: meu combo do <3 (e o cabelo todo arrepiado pós praia, ignorem).

PS: nossa Cleópatra carioca me cutucou via Instagram dizendo que minha viagem não estaria completa se não fosse ao BB Lanches.

“Que horas vc vai ao BB lanches? Comer um pastel de carne e tomar um suco de maracujá com fruta do conde por mim? Grata”

Eu, que estava hospedada na rua do BB Lanches, fiquei a ver navios. Depois de ver a foro que mandei do BB de portas fechadas, nossa Cléo me disse em caixa alta:

“BAIXA TEMPORADA NO RJ. FERIAS COLETIVAS DO BB LANCHES SOCORROOO”

Mas na próxima esse combo suco+paixxxtel não me escapa!



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