Livros que tiram o adulto da zona de conforto

Livros que tiram o adulto da zona de conforto

16 de ago. de 2025

Sou advogada, mãe de gêmeos, escritora e criadora do perfil no Instagram @mae_le_pra_mim. Literatura infantil é minha grande paixão e criei o perfil para reunir os livros que mais gostamos de ler. Adoro livros dedicados às infâncias que também guardam mensagens importantes dirigidas especificamente aos adultos leitores. Livros que chamam a nossa atenção para temas relevantíssimos e muitas vezes desconfortáveis. Nesta coluna, 5 indicações de livros que tiram os adultos da zona de conforto.  

1. Papai, ó 

Autor e ilustrador: Marcelo Tolentino 

Editora: Pequena Zahar  

Este livro nos faz um convite: vamos redescobrir o mundo pelo olhar das crianças? Na virada de página, o contraste entre a visão pura do filho e a desconexão do pai, absorvido pela tela do celular. O confronto gritante entre a vívida imaginação do menino e a visão emoldurada pela tela, desprovida de qualquer criatividade. Até o momento em que o pai abre os olhos para enxergar o que está à sua volta. Uma narrativa feita através de poucas palavras e imagens de cair o queixo, que passa uma mensagem direta e poderosa. Que nos provoca de forma muito efetiva a refletir o que estamos perdendo ao olhar as telas.  

 

2. Dragão, que dragão? 

Autora: Telma Braga 

Ilustrador: Rodrigo Andrade   

Perdi a conta das vezes em que meus filhos me disseram alguma coisa e eu duvidei. Para então checar e perceber que eles estavam certos…De forma leve e divertida, este livro fala justamente disso. E também do número de vezes em que não damos às criancas a devida atenção, ou que nos deixamos levar pela praticidade, esquecendo a beleza da imaginação, da criatividade, do brincar. Nossa pequena protagonista mostra aos seus pais – que vivem de olhos fechados – que tem um dragão na casa deles. Ora, mas isso é impossível, dragões não existem, muito menos dentro de casa. Será mesmo? 

 

3. Mamãe zangada 

Autora e ilustradora: Jutta Bauer 

Editora: Companhia das Letrinhas   

Cheguei em casa do trabalho, cansada, preocupada, querendo colocar as crianças para dormir rapidamente; eles elétricos pulando na cama. Dei um daqueles berros; daqueles que depois você se arrepende de dar. E aí abrimos esse livro para ler…Quando leva uma bronca, o pequeno pinguim literalmente se despedaça e cada pedacinho de seu corpo vai parar em um lugar diferente: no espaço, no mar e até na floresta. Será que ele vai conseguir se juntar? Com pouco texto, essa obra é simplesmente perfeita, explorando os sentimentos, as fragilidades humanas, o poder destruidor da indelicadeza e a força imensurável da reconciliação. 

 

4. Agora não, Bernardo  

Autor e ilustrador: David McKee 

Editora: WMF Martins Fontes    

Neste livro, acompanhamos o menino Bernardo em todas as tentativas de contar aos pais que havia um monstro no jardim de sua casa. Mas nem o pai nem a mãe tinham tempo para ouvi-lo, estavam sempre ocupados fazendo outra coisa. Os pais nem perceberam quando o menino acaba sendo devorado pelo tal mostro! Através do absurdo, o livro é um alerta para o adulto leitor: impossível não lembrar de todos os momentos em que meus filhos precisaram de mim e eu não pude dar atenção; e impossível não refletir sobre como o tempo gasto com as tarefas corriqueiras do dia-a-dia poderia ser bem melhor utilizado.  

 

5. O tempo fora  

Autora e ilustradora: Clara Gavilan  

Editora: VR    

Enquanto lá fora o céu começa a fechar, mãe e filha se preparam para sair de casa. E somos convidados a entrar nos pensamentos de cada uma: enquanto a filha reflete sobre a chuva, sua rotina e percebe a beleza nas coisas simples ao seu redor, a mãe experimenta a carga mental que atormenta as mulheres modernas, preocupando-se com coisas da casa, da filha, do trabalho. A menina não tem pressa; a mãe anda no ritmo dos seus pensamentos. Nesta jornada, a mãe acaba percebendo o que está perdendo ao viver a vida ansiosa e com a cabeça a mil. Me vi no lugar da mãe e saí da leitura prometendo a mim mesma que iria pausar mais, ficar mais no presente e dar valor ao que realmente importa. 



Mais artigos