Como trabalho deveria ser feito por Maria Helena

Como trabalho deveria ser feito por Maria Helena

12 de mar. de 2025

Passados 4 dias, chegou ao fim o meu confinamento com ares de Big Brother Brasil do mundo corporativo. Sucede que, ao invés de ser vigiada por câmeras e disputar provas de resistência, fui colocada dentro de uma sala (cuja decoração em nada se assemelha ao do programa de tv. Posso ouvir ‘amém’?) com pessoas que nunca tinha visto antes, cada uma vinda de um universo completamente diferente do meu. 

 

Não tínhamos um milhão e meio em jogo, mas tínhamos algo talvez ainda mais valioso: uma missão real, um desafio concreto, que precisaríamos resolver juntos em pouquíssimos dias. 4 para ser precisa. A missão? Não posso revelar, sabe non disclosure agreement? Pois bem.

 

Isso é uma MESA.

 

 

O nome pode soar simples, mas o método é tudo menos óbvio. Criada pela genial Bárbara Soalheiro, a MESA Company desenvolveu um sistema de trabalho que desafia a maneira tradicional como pensamos em resolver problemas. Esqueça os brainstorms que não saem do papel, as reuniões intermináveis que dão voltas e voltas sem chegar a lugar nenhum, ou as consultorias que tomam meses e meses. 

 

Funciona assim: um sistema de trabalho baseado em equipe projetado para resolver desafios complexos ao liberar o potencial humano para processar mais e executar mais rápido, construindo soluções para desafios complexos para os quais não existem referências no mundo - em até 5 dias.

 

Na MESA, o tempo pode parecer curto, mas só para quem está do lado de fora.  Dificilmente trabalha-se com tamanho nível de foco e dedicação como ali. A missão é clara, e as pessoas certas são cuidadosamente escolhidas para compor um time improvável, mas perfeitamente calibrado.

 

E quando eu digo pessoas certas, não estou falando apenas de especialistas tradicionais. Aqui, a mágica acontece justamente porque a diversidade é levada a sério. Em uma mesma sala, podem estar um designer, um engenheiro, um atleta olímpico, um roteirista de cinema e um chef de cozinha – todos reunidos para encontrar uma solução que talvez nenhuma dessas áreas isoladamente enxergasse. É como se cada participante fosse uma peça essencial de um quebra-cabeça cujo desenho final ninguém conhece até que todas as peças estejam no lugar.

 

O resultado? Ideias que não nasceriam em nenhuma reunião convencional. Soluções que não poderiam ser encomendadas a uma consultoria comum. E empresas gigantes já perceberam isso: Google, Banco Mundial, Emerson Collective (maior organização privada americana, fundada por Laurene Powell Jobs, viúva de você sabe quem) Nike, Spotify, Coca-Cola, Nestlé e até o falecido Kobe Bryant já recorreram à Mesa Company para transformar desafios complexos em soluções palpáveis. Porque, no fim das contas, inovação de verdade não nasce do óbvio – ela nasce do encontro improvável de perspectivas.

 

E estar dentro de uma Mesa foi exatamente isso: um encontro improvável. Se me perguntassem antes como eu imaginava que seria essa experiência, eu teria dito que esperava um exercício intelectual estimulante, uma troca de ideias interessante. Mas eu teria subestimado o impacto real de viver isso. Porque a parte mais transformadora não foi ‘apenas’ contribuir para solucionar a missão que nos foi dada – mas sim estar cercada por pessoas de mundos tão distintos e, ao longo dos dias, perceber como cada uma delas expandia meus próprios limites. 

 

Mas admito que a sensação de ver confiado a você e seu time uma missão e conseguir resolvê-la trouxe uma sensação de realização para lá de gostosa.

 

Naquele ambiente, senti minha mente expandir como poucas vezes antes. Aprendi coisas que nem sabia que precisava aprender, e menos ainda que poderia aprendê-las em tão pouco tempo. E, ao final da semana, saí dali sentindo que levava comigo muito mais do que as respostas para a missão ‘servida à MESA’, levava um novo olhar sobre como o mundo funciona e fui lembrada mais uma vez sobre como diferentes formas de pensar podem se complementar de maneiras surpreendentes. Algo que se aplica a qualquer missão, dentro e fora da MESA

 

A verdade é que, ao meu ver, a Mesa não é só um método. É uma experiência. E, depois de vivê-la, posso dizer com segurança: é impossível sair de lá com a mesma cabeça de 4 dias antes. Às outras 16 cadeiras que me acompanharam nessa experiência: obrigada pela partilha e aprendizados. You know who you are.



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